Um servidor comissionado da Prefeitura de Campo Limpo de Goiás é suspeito de abusar sexualmente da filha, da enteada e mais duas parentes, segundo a direção de um instituto que atua na prevenção a esse tipo de crime. As denúncias surgiram após a Organização Não Governamental (ONG) fazer uma palestra sobre o tema em uma escola da cidade. O caso é investigado pela Polícia Civil.
O diretor do Instituto Family, Samuel Rolindo, que participava da palestra em um colégio estadual, disse que, após o evento, cinco alunas o procuraram para denunciar casos de abusos que elas tinham sofrido. Com a iniciativa delas, outras quatro meninas que são amigas ou familiares delas também se encorajaram e relataram terem sido vítimas.
Um dos homens suspeitos de abusos é um ex-motorista de ambulância da Secretaria Municipal de Saúde. Ele trabalhava no órgão desde 2021 e foi exonerado após as denúncias.
“Ele é suspeito de abusar da filha, que é aluna da escola, a enteada, de 5 anos, e mais duas outras parentes deles. Dessas, três estudam no colégio onde foi feita a palestra”, disse o diretor do instituto.
Samuel explicou ainda que a mãe da filha dele também teria sido abusada pelo servidor. Os outros cinco casos de abusos teriam sido cometidos por homens diferentes.
Alguns dos suspeitos foram identificados, localizados e levados para a delegacia em Anápolis, onde prestaram depoimento. Em seguida, foram liberados.
Os nomes dos investigados não foram divulgados e, com isso, o g1 não conseguiu identificar as defesas deles até a última atualização dessa reportagem.
Apoio
A diretora do colégio disse que A secretaria de Assistência Social, Neusa Messias, disse que as vítimas e as família vão receber acompanhamento psicológico. “Nós vamos encaminhá-las para o Cras [Centro de Referência de Assistência Social], a família será acompanhada pela equipe técnica, de assistência social e psicólogos. Também temos o apoio da Secretaria Municipal de Saúde, que conta com psicólogos”, disse.
O Conselho Tutelar também acompanha o caso. A conselheira Ivanilde Moreira disse que o órgão foi chamado pela ONG e pela Polícia Militar após as vítimas começarem a relatar os crimes.
O conselho informou que vai ajudar com o apoio psicológico e aguardar as investigações da Polícia Civil para definir as próximas ações.
O g1 tenta contato desde as 7h30 com o delegado responsável pelo caso, mas as ligações e mensagens não foram retornadas até a última atualização dessa reportagem.
Palestra
As palestras sobre Conscientização contra o Abuso e a Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes aconteceram entre segunda-feira (16) e sexta-feira (20) por uma Organização não Governamental (ONG), com apoio da PM, Conselho Tutelar e Juizado da Infância e Juventude. O evento foi organizado em conjunto pelas escola municipal e pelo colégio estadual.
“É importante se falar sobre o assunto nas escolas. Diariamente, crianças e adolescentes sofrem abusos e não sabem que são vítimas. Elas acham que é apenas quando há a penetração, mas existem outras formas de abuso. Por isso, a importância de se falar sobre educação sexual e quebrar tabus”, disse o diretor do Instituto Family.
Samuel disse que pessoas que queiram denunciar que sofreram algum tipo de abuso sexual podem ligar para o Disque 100 ou então para o próprio instituto, pelo telefone: (62) 995799760.
Nota da Prefeitura de Campo Limpo de Goiás
Na última semana foi realizado no município uma ação, em parceria com as secretarias municipais, Juizado da Infância e da Juventude, Polícia Civil, Conselho Tutelar e Colégio Estadual, para o combate ao abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes. Logo após as palestras realizadas pelos delegados e agentes da Polícia Civil e do diretor do Juizado da Infância, alguns dos adolescentes que assistiram as palestras procuraram o juizado e a Polícia Civil e fizeram denúncia de abuso sexual contra as mesmas.
Ao saber das acusações e que um dos acusados era servidor comissionado do município, de imediato a prefeita determinou a exoneração dele.
A prefeita já solicitou à Secretaria Municipal de Assistência Social e à Secretaria Municipal de Saúde, que disponibilize uma assistente social bem como uma psicóloga para estarem acompanhando as crianças e adolescentes abusadas e suas famílias.