MP-GO denuncia João Teixeira de Faria por crimes sexuais pela décima vez

O Ministério Público de Goiás (MP-GO) ofereceu nesta terça-feira (29/10) a 10ª denúncia por crime sexual contra João Teixeira de Faria. Desta vez ele é acusado de estupro de vulnerável de 15 mulheres – o crime praticado contra dez vítimas está prescrito, mas os depoimentos foram utilizados para corroborar a denúncia – de sete Estados. Tramitam no Fórum de Abadiânia outras duas denúncias contra o médium, por porte ilegal de armas, além de uma ação civil pública, com pedido de indenização por danos morais. Os crimes narrados na denúncia teriam ocorrido entre 2015 e 2016, dentro de uma sala, no interior da Casa dom Inácio de Loyola, em Abadiânia.

De acordo com o promotor de Justiça Luciano Miranda Meireles, o trabalho realizado pela força-tarefa instituída no fim do ano passado para investigar crimes praticados por João Teixeira de Faria ainda tem mais de 200 relatos de vítimas. Ele explicou que há muita resistência por parte das mulheres abusadas sexualmente, pois há medo de represálias. As 10 denúncias já oferecidas ao Poder Judiciário envolvem 133 mulheres – destas, 80 já tiveram o crime prescrito.

A promotora de Justiça Ariane Patrícia Gonçalves afirmou que os crimes praticados por João Teixeira de Faria se enquadram na tipificação de estupro de vulnerável pelo fato de as vítimas estarem com a saúde debilitada, em função do sofrimento, em muitos casos, da vida inteira. Muitas buscaram no tratamento espiritual a última esperança de cura. Entre as doenças apresentadas pelas mulheres estavam câncer de fígado, problema intestinal crônico e depressão com tendência suicida. Elas vieram do Rio de Janeiro, Distrito Federal, São Paulo, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul. Foi pedida a decretação da prisão preventiva do denunciado.

“João Teixeira de Faria aproveitava-se da ânsia das mulheres em receber cura espiritual para praticar atos libidinosos contra elas. Ao ser questionado, respondia que tudo fazia parte do tratamento”, explicou Ariane Gonçalves. Segundo a promotora de Justiça, o temor de retaliação fez com que as vítimas mantivessem silêncio. Nos casos descritos na denúncia, não houve conjunção carnal, os abusos consistiram em sexo oral, masturbação e toque nas partes íntimas. A promotora de Justiça Renata Caroliny Ribeiro e Silva lembrou que a partir das primeiras denúncias do MP-GO as vítimas se sentiram encorajadas a relatar.

O promotor de Justiça Augusto César Borges de Souza explicou que grande parte dos processos por crime sexual contra João Teixeira de Faria está em fase de alegações finais, próximos de terem sentença proferida pelo juízo de Abadiânia. Ele falou também sobre o acompanhamento que o MP-GO realizou nas autorizações para tratamento médico do denunciado.

Segundo Augusto César Souza, os relatórios realizados pelos médicos oficiais atestam não haver necessidade de saída do médium para se tratar em hospitais. Ele lembrou que o denunciado chegou a ficar dois meses internado em uma unidade de saúde particular. “João Teixeira de Faria nunca teve doença mental, comprometimento psiquiátrico nem doença grave. Os laudos médicos oficiais rechaçam a necessidade de prisão domiciliar”, afirmou, lembrando que o MP-GO realizará apuração para averiguar se houve de fato manipulação do estado de saúde do denunciado para beneficiá-lo com internações desnecessárias. 

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