Operação Multigrana: desvios de valores de ingressos do Mutirama e Zoo chegam à casa dos milhões.

Operação foi deflagrada na manhã desta terça-feira

Em entrevista coletiva realizada na tarde de hoje (23/5), promotores de Justiça do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e do Centro de Inteligência do Ministério Público de Goiás apresentaram informações iniciais sobre a Operação Multigrana deflagrada nesta terça-feira. Conforme esclarecido à imprensa, foram cumpridos quatro mandados de prisão temporária, cinco mandados de condução coercitiva e 12 mandados de busca e apreensão em Goiânia, Aparecida de Goiânia e Senador Canedo.

A apuração, que teve início neste ano, aponta a atuação de uma organização criminosa instalada na Agência Municipal de Turismo, Eventos e Lazer de Goiânia (Agetul) especializada no desvio e apropriação do dinheiro decorrente da venda de ingressos nos Parques Mutirama e Zoológico. Segundo detalhado, o grupo especializou-se no desvio e apropriação do valor dos ingressos vendidos nessas duas unidades municipais de lazer.

A organização aproveitava-se da dificuldade de monitoramento dos valores, pagos sempre em dinheiro nas bilheterias, e atuava de dois modos principais: caso os bilhetes já utilizados fossem descartados de forma intacta eram reaproveitados e “vendidos” novamente. Se os bilhetes fossem rasurados ou rasgados, fazia-se uma duplicação e reimpressão desse ingresso, devolvendo para o caixa, para contabilização do dinheiro a menos. Nos dois casos, os valores com a segunda venda dos ingressos ficavam com o grupo.

Estimativas iniciais apontam que a organização desviava cerca de R$ 60 mil por final de semana de funcionamento, aproximadamente R$ 3 milhões por ano, somente no Parque Mutirama. De acordo com o promotor Ramiro Carpenedo Netto, as cifras poderão chegar aos oito dígitos.

O coordenador do Centro de Inteligência, José Carlos Nery Júnior, destacou ainda a grande movimentação partidária do grupo, sendo possível verificar os vínculos políticos de envolvidos, assim como uso dos valores desviados para fins particulares e políticos partidários. Entre os participantes efetivos da organização estão pessoas de alto escalão do Município e aqueles que ocupavam cargos de confiança da organização e estavam estrategicamente em postos diretamente ligados à cobrança dos ingressos.

Depoimentos já colhidos no Gaeco dão conta que a organização criminosa funciona há pelo menos 15 anos na autarquia municipal, o que só foi debelado com a presente operação.

Estiveram ainda na entrevista coletiva os promotores de Justiça Daniel Lima Pessoa e Bernardo Cavalcanti. (Assessoria de Comunicação Social do MP-GO)

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