Preços das viagens são semelhantes aos cobrados pelo Uber
Com foco na segurança, clientes e motoristas particulares estão se organizando em um grupo fechado no Facebook chamado ‘Viagens Particulares (Somente mulheres)’ para tornar o serviço mais eficiente. Apenas pessoas convidadas podem ler e responder as mensagens. Em geral, as postagens resumem-se em divulgação de telefones de motoristas e dúvidas das clientes.
Administradora do grupo e motorista particular, Daniele Freitas, de 24 anos, está prestando o serviço há duas semanas. “Como estamos criando esta rede de motoristas, quando alguém me solicita uma viagem e estou ocupada, posso indicar outra motorista rapidamente. Existe também um grupo no WhatsApp com clientes e motoristas. Quando alguém solicita uma viagem, a pessoa que estiver mais próxima já atende”, explica Daniela, que é formada em odontologia, mas pensa em desistir da área para investir no transporte particular.
Em relação aos preços, Daniele afirma que calcula o valor tendo como base os preços do Uber, mas nem sempre é possível. Por exemplo, se ela estiver muito longe do local onde a cliente pede que vá buscá-la, é cobrado adicional de deslocamento. “Eu uso o Uber e nunca tive problema com homem algum. Mas algumas mulheres já passaram por constrangimentos e preferem pagar mais pela segurança de ter outra mulher como motorista”, explica Daniele.
Há um mês Robertha Rebouças, de 25 anos, começou a trabalhar como motorista e percebeu entre as mulheres a vontade de escolher o motorista. “Comecei dirigindo para pessoas que moram perto da minha casa. Agora que encontrei este grupo de motoristas, espero estender o serviço e aumentar minha renda”, explica Robertha. Mesmo trabalhando há pouco tempo, ela já tem clientes fixas. Uma delas tem agenda fixa todos os dias e outras são semanais.
Segurança
A delegada titular da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) do Setor Central, Ana Elisa Gomes Martins, afirma que não possível se cercar de cuidados o tempo todo, mas lembra que para garantir a segurança é preciso conhecer e confiar os motoristas e nunca entrar em carros de estranhos. “O melhor é sempre solicitar serviços por aplicativos, pois as plataformas garantem, no mínimo, a identificação dos motoristas”, aconselha a delegada.
Além disso, Ana Elisa afirma que é importante conferir a placa do carro com a informação fornecida pelos aplicativos e certificar-se de que o motorista cadastrado é o mesmo que dirige o carro. “Algumas coisas parecem até constrangedoras de se executar, mas em tempos de tanto machismo e violência, são imprescindíveis para a segurança”, explica Ana Elisa.
Para a delegada, em tempos de machismo e intolerância, casos como o de Alexandre Rodrigues de Souza, de 31 anos, motorista do Uber que foi preso por estuprar duas mulheres em Goiânia, servem de alerta e aumentam a sensação de insegurança. “É como voltar ao que os pais nos dizem na infância, não fale com estranhos”, completa.