Francisco Costa, Ícaro Gonçalves e Matheus Santana
A fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no domingo (18), que classificou como “genocídio” as ações militares de Israel na Faixa de Gaza e comparou a situação ao holocausto judeu, também gerou críticas em Goiás. “O que está acontecendo na Faixa da Gaza com o povo palestino não existiu em nenhum momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus. E você vai deixar de ter ajuda humanitária? Quem vai ajudar a reconstruir aquelas casas que foram destruídas? Quem vai devolver a vida das crianças que morreram sem saber porque estavam morrendo?”, questionou o presidente.
Em todo o País, políticos de oposição se manifestaram em repúdio à posição do presidente. No Estado, não foi diferente. “Trata-se de um desrespeito absoluto ao povo de Israel e mostra o quanto Lula está desconectado com a realidade do País e do mundo”, afirmou o governador Ronaldo Caiado (União Brasil). Para o governador, “não é aceitável cercear o direito de Israel de se defender neste conflito, que se reacendeu por um ataque covarde do Hamas, uma célula terrorista”. Além disso, o gestor afirma que relativizar o holocausto, “onde judeus eram incinerados ou mortos em câmaras de gás, é querer reescrever um dos capítulos mais terríveis da história mundial”.
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Caiado, é preciso dizer, é pré-candidato à presidência da República em 2026. O governador é alinhado e busca o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está inelegível. Mas ele não foi o único a se posicionar. Ex-prefeito de Aparecida de Goiânia e hoje aliado do governador, Gustavo Mendanha (PRD) afirmou ter vergonha do presidente, que presta um “desserviço à nação”.
“Além de mostrar completo desconhecimento da realidade, do que acontece ao oriente médio, presta desserviço a nossa nação. Eu, que tenho vários amigos árabes, que respeito muito, inclusive a causa palestina, queria manifestar a minha insatisfação como brasileiro de uma fala tão equivocada. Espero que não só os senadores e deputados, como os ministros [do STF] possam agir com o rigor da lei. Não podemos tolerar uma fala como essa, comparando uma guerra, um momento triste, com o holocausto, onde seis milhões de judeus foram massacrados”, declarou Mendanha.
Deputado federal por Goiás, Ismael Alexandrino (PSD) também se revoltou com a declaração. “A fala do presidente Lula ao comparar Gaza com o Holocausto foi infeliz e desrespeitosa. As pessoas, sobretudo os governantes, precisam cuidar para que suas palavras sejam melhores que o silêncio. Minha solidariedade aos judeus e palestinos. Cuide do Brasil, presidente.”
Da mesma forma, o senador Vanderlan Cardoso (PSD) afirmou ao Jornal O Hoje que Lula foi equivocado. Para ele, a fala foi infeliz. “Perdeu a oportunidade de ficar calado. Momento inoportuno, não foi bem.”
Holocausto
Os números variam, mas conforme historiadores, cerca de seis milhões de judeus morreram por serem quem eram durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). As mortes foram organizadas pelo partido nazista alemão, que era liderado por Adolf Hitler.
O historiador Iuri Godinho explica que existe um contexto histórico no qual, na verdade, a Palestina pretende eliminar o povo de Israel. “Se a gente for ver o início de Israel, todos os países árabes se juntaram para exterminar Israel. Essa conversa de extermínio, esse discurso de extermínio, é um discurso do mundo árabe contra Israel. Uns mais e uns menos. E não o contrário”, esclareceu.
Ele destaca que Israel ocupa uma terra que historicamente é dos árabes. Contudo, uma decisão da ONU, após a Segunda Guerra, permitiu a ocupação. “A revolta é justa, mas foi uma decisão de um órgão mundial. E esse conflito vem se arrastando de lá pra cá.” Segundo ele, as forças são desproporcionais e somente as forças israelenses poderiam ganhar essa guerra. Godinho diz, ainda, que em toda curta história de Israel, o país nunca atacou sem ser atacado. Mas em caso de ataque, revida, mesmo que com força desproporcional.
Sobre a comparação de Lula, ele diz que a opinião do presidente é um desastre. “Foi emitida por uma pessoa que parece não ter um mínimo conhecimento de história”, pontua. “A luz da história é uma aberração. O holocausto foi a matança sistematizada de um povo, no caso os judeus. O que acontece hoje em Israel é que Israel sofreu uma agressão, foi invadida e está revidando”.