O Sistema Único de Saúde (SUS) deve receber, em breve, um tratamento pioneiro para casos de câncer de pele não melanoma. Desenvolvido por cientistas brasileiros, a terapia fotodinâmica permite que o diagnóstico e o tratamento oncológico sejam feitos no mesmo dia, em menos de 24 horas, com índice de cura da doença estimado em 90%.
Após anos de testes e análises, o tratamento para o câncer foi enfim aprovado pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec), o que permitirá a sua incorporação no SUS. A expectativa é que a tecnologia acelere o tratamento oncológico, enquanto reduz a necessidade de cirurgias e procedimentos dolorosos.
Segundo o parecer da Conitec, o aparelho projetado pelo Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP) é único no mundo, já que faz tanto o diagnóstico quanto o tratamento. Além disso, é de baixo custo e pode ser produzido em larga escala.
Como é possível diagnosticar e tratar o câncer de pele?
Após o médico responsável fazer o diagnóstico com auxílio do aparelho, é possível começar o tratamento. Para isso, é aplicado um medicamento em creme, o metil-ALA, cobrindo a lesão cancerígena. Este composto é fotossensibilizante, ou seja, é ativado com a luz. Em seguida, é irradiada uma luz específica, com um comprimento de onda adequado para ativar o fotossensibilizador e, com isso, destruir o tumor.
Durante a sessão da terapia fotodinâmica , é possível tratar vários tumores e, caso seja necessária, a aplicação pode ser repetida. Além da simplicidade de uso, o tratamento pode ser feito no próprio consultório, sem necessidade de espaços cirúrgicos.
Quando usar a nova terapia contra o câncer no SUS?
Hoje, a Conitec prevê um uso específico para a nova tecnologia: tratamento apenas para pacientes com câncer de pele não melanoma do tipo carcinoma basocelular superficial e nodular. Caso a intervenção cirúrgica não seja indicada, será possível fazer o tratamento com a terapia fotodinâmica.
Apesar da autorização ser aparentemente limitada, o carcinoma basocelular é o mais frequente entre todos os tipos de câncer malignos no Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). Em outras palavras, a incorporação no SUS deverá economizar significativos recursos, ainda mais em um cenário no qual o protocolo atual de tratamento é a cirurgia.
A seguir, veja um exemplo de carcinoma basocelular:
Por enquanto, não há um prazo oficial para que, de fato, os pacientes possam ter acesso ao tratamento inovador no SUS. Isso porque não foram definidos os detalhes sobre a aquisição e nem sobre a distribuição no Brasil. O Ministério da Saúde deve começar, em breve, esse processo.
Tecnologia para câncer é fruto do investimento em ciências
O interessante na história da incorporação da nova tecnologia no SUS é que este é um marco para a pesquisa nacional. Segundo a Conitec, a terapia representa o primeiro pedido de uma universidade para a incorporação de um aparelho na rede pública de saúde.
Durante os anos de desenvolvimento — sim, a tecnologia da USP começou a ser desenvolvida em 2012 —, a pesquisa contou com financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e com recursos do programa de fomento da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) em conjunto com o Ministério da Saúde.
Fonte: Conitec