A Polícia Civil de Goiás, por intermédio da Delegacia Estadual de Repressão a Narcóticos (Denarc), deflagrou nesta madrugada (27) a Operação Déjà Vu, destinada ao desmantelamento de uma organização criminosa dedicada ao tráfico interestadual de drogas. Ao todo, 120 policiais civis estão em ação nos estados de Goiás, Mato Grosso, Rio Grande do Norte e Distrito Federal para cumprimento de 22 mandados de busca e apreensão e 14 de prisão preventiva, além de sequestro de bens e valores no total de R$ 20.000.000,00 (vinte milhões de reais).
As prisões cumpridas foram: 3 em Mato Grosso, 1 no Rio Grande do Norte, 1 no Distrito Federal e 9 em Goiás. Em Cuiabá, foi preso um dos maiores traficantes de drogas do país: “Ele é tido como um dos maiores traficantes pelo volume de drogas que a gente pôde ver ao longo da investigação e era responsável pelo fornecimento de drogas para outros integrantes do grupo”, declarou o delegado Fábio Meireles, titular da Denarc.
A investigação, em curso desde janeiro de 2020, revelou um sofisticado esquema de transporte e distribuição de cocaína pura, pasta base de cocaína e skunk. Oriunda do Mato Grosso, a droga era transportada em fundos falsos de camionetas até Goiás, onde era armazenada. Parte permanecia em solo goiano e o restante era redistribuído para o Distrito Federal e o Nordeste, especialmente para o Rio Grande do Norte.
Em 2020, quatro carregamentos do grupo foram apreendidos, num total de 420 kg de cocaína e 150 de skunk. Porém, estima-se que pelo menos 2 mil kg de cocaína pura tenham sido disseminados pela organização no período, que rapidamente substituía os motoristas presos e dava sequência ao tráfico.
De acordo com o delegado Vinícius Teles, responsável pelo caso, a longa e complexa investigação evidenciou toda a estrutura da organização, expondo os núcleos de fornecimento, que vendia a droga na origem; de logística e transporte, formado por mecânicos que criavam os fundos falsos nas camionetas e pelos motoristas, além de seus coordenadores; financeiro, que articulava o fluxo dos pagamentos pela droga; e de adquirentes, que redistribuíam o entorpecente para outros traficantes atacadistas.
Um exemplo é a apreensão de 200 kg de cocaína em outubro de 2020, em São Luís de Montes Belos (GO), quando duas camionetas de mesma marca, modelo, ano e cor foram apreendidas, uma para o transporte da droga no Mato Grosso e outra em Goiás. “É um exemplo da meticulosidade e expertise da organização, própria dos grandes atacadistas da cocaína. A mera apreensão da droga, apesar de causar um considerável prejuízo, não alterava em nada o esquema criminoso. No mês seguinte outro motorista era cooptado e a distribuição continuava. Agora, com essas 14 prisões, estamos certos de que toda a engrenagem foi atingida. As pessoas presas hoje estão do ápice à base da organização.”
O secretário de Segurança Pública, Rodney Miranda, ressaltou a importância de desestruturar o braço financeiro da organização: “O trabalho não parou. A Denarc continou investigando para desarticular o grupo financeiro. Cada vez mais as polícias de Goiás se preocupam com quem está comprando, quem vai distribuir, toda a cadeia”.
A designação Déjá Vu, expressão francesa que significa “já visto”, remonta à Operação Esmeralda, de 2014, quando o grupo capitaneado por Marcelo Gomes de Oliveira, o Marcelo “Zoi Verde”, então considerado um dos maiores traficantes do Centro Oeste, foi preso. Marcelo foi assassinado em 2017 na Bolívia. Porém, diversos de seus asseclas integram a organização atual, que se reestruturou, voltando a agir com dinâmica ainda mais apurada e eficaz.
Apoiaram a operação, em Goiás, a CORE/GT3, DAFO, DERFRVA, DEIC, DRACO, 4 DRP, 10 DRP, DOA e GOI. No Mato Grosso, a DRE – Delegacia de Repressão a Entorpecentes e a GOE – Gerência de Operações Especiais da PCMT; no Distrito Federal, do DECOR – Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizadoao da PCDF; No Rio Grande do Norte, da Delegacia Regional de Polícia de Pau dos Ferros/ PCRN e da Polícia Federal.
Fonte: Polícia Civil-GO