A Polícia Civil de Goiás apresentou, na tarde de segunda-feira (13), a Operação Porta Fechada, que engendrou procedimentos investigativos referentes ao caso envolvendo candidatos e uma organização criminosa especializada em fraudar concursos públicos.
Foram presos tanto um dos aliciadores quanto candidatos que participavam do esquema, destinado a aprovar, já na fase de provas discursivas, pessoas no processo seletivo destinado ao provimento de 36 vagas para o cargo de delegado de polícia substituto.
Na noite de domingo (12), data da realização das provas, equipe de policiais civis da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra a Administração Pública (Dercap) surpreenderam um dos aliciadores e candidatos suspeitos de participação nas ações delituosas.
De acordo com o titular da especializada, delegado André Augusto Bottesini, a Dercap foi acionada pela Diretoria da PCGO, a qual, por sua vez, havia sido alertada por candidatos no certame que estranharam o nível das notas dos primeiros colocados na etapa posterior. O desempenho desses candidatos se afiguraria fora da realidade tendo-se em vista, sobretudo, o sistema de avaliação da banca examinadora do certame.
Segundo o coordenador da Operação Porta Fechada, delegado Rômulo Figueiredo, um dos aliciadores e os candidatos que participaram do esquema confessaram a prática do crime. Ainda de acordo com Rômulo, os postulantes ao cargo de delegado eram aliciados por duas pessoas. Uma delas procurava interessados no ingresso fraudulento ao cargo à porta de cursos preparatórios no Entorno do Distrito Federal. Outro se utilizava de uma rede de contatos sociais entre membros de famílias influentes do interior de Goiás.
Perfil
Rômulo confirmou que o perfil social dos candidatos que participaram das ações criminosas é o de pertencimento a grupos familiares de alto poder aquisitivo, como fica demonstrado pelas quantias as quais estavam dispostos a pagar aos membros da organização criminosa, entre R$ 100 mil e R$ 349 mil. “Alguns deles (os candidatos) chegaram a ser ameaçados pelos membros da organização criminosa, caso não cumprissem com o acordo”, explica Rômulo.
Em entrevista coletiva à imprensa, o delegado-geral da PCGO, Álvaro Cássio, afirmou que continuam as investigações até que todos os membros da organização criminosa sejam identificados e sua participação seja elucidada. “Já entramos em tratativas junto à Segplan (Secretaria Estadual de Gestão e Planejamento) no sentido de que o concurso seja suspenso”, afirma o diligente da PCGO. Álvaro Cássio não descartou, inclusive, a possibilidade de o concurso ser anulado. “Tudo vai depenser do andamento das investigações e das decisões tomadas em conjunto com a Segplan”, informa.